Da escuridão à luz, é necessário um esforço muito além do
dito normal.
Ninguém pede para nascer diferente, mas isso acontece, faz
parte da natureza humana.
Porém, o preço é muito alto para quem vive esta situação,
pois a luta pela sobrevivência merece uma atenção redobrada quando o desejo é
de que isto não impeça a vontade de vencer, de ser alguém na sociedade.
Pois, hoje, é o que está acontecendo com meu filho Yves, que
nasceu com síndrome de Down, também chamada trissomia
21.
No início foi muito difícil
mas, através de uma força que não se mede, nasceu a vontade de lutar e
de vencer todos os obstáculos que todo ser diferente tem que enfrentar.
Assim, através dessa força chamada AMOR, veio a vontade de
chegar além do que os limites permitem, a QUEBRA DE BARREIRAS.
Com muito esforço, fomos vencendo preconceitos, a falta de
interesse, de conhecimento, e ainda provar que o ser diferente PODE FAZER.
Porém, para isso acontecer, é necessária a boa vontade dos
outros de permitirem, de proporcionar espaço, de abrirem portas. Quando isso
acontece, percebemos que pessoas com síndrome de Down são iguais, apenas com
algumas características diferentes. Não são pessoas doentes e, como quaisquer
outros indivíduos, precisam dos mesmo cuidados para serem saudáveis.
Yves é um exemplo de poder SER e FAZER.
Hoje, com 25 anos, cursa Faculdade de Educação Física na
Sogipa, pratica judô e alcançou a faixa preta, a última graduação neste
esporte. Também vem trabalhando como monitor de crianças nas aulas de judô. Sem
esquecer que concluiu o Ensino Fundamental na ACM e o Ensino Médio na Escola
Don Luiz Guanella (hoje São Luiz Guanella), em Porto Alegre, nos seus ciclos e
cursos seriados e sem qualquer ajuda pública. Ele também pratica musculação e
está socialmente incluído.
Até aqui, estou mostrando o que ele pode fazer, mas ainda
falta muito a caminhar. O que ele conseguiu
não é algo admirável, como a maioria das pessoas pensa, nem fora do
comum ou surpreendente. Eles são capazes, como qualquer ser humano, só precisam
de chances para mostrar isso.
SER NORMAL é poder circular junto com todos, é ser aceito
socialmente. Mas, com muita tristeza, digo que isso não acontece. São poucos,
muito poucos, os que conseguem.
em 2007, recebendo a faixa preta do bicampeão mundial João Derly |
em 2013, na Holanda |
Itália, 2014 |
Rio de Janeiro, 2014 |
com o ídolo e amigo Breno Viola |
Copa Yves Levy Dupont, 2014 |
Suzanne Levy é artista plástica e mãe do Yves Dupont.
Yves foi o primeiro judoca gaúcho portador de síndrome
de Down a receber a faixa preta, e o segundo no Brasil (o primeiro foi Breno
Viola, inspiração dele no esporte). Yves tem em seu currículo inúmeras participações (e medalhas) em competições do Circuito Estadual da Federação Gaúcha de Judô. Ele integra a Seleção Brasileira de Judo for All, e é dono de medalhas conquistadas defendendo o Brasil no exterior.
Em maio deste ano, em sua homenagem, a FGJ realizou a primeira edição da "Copa Yves Levy Dupont", dedicada a judocas com algum tipo de deficiência intelectual (leia mais sobre a competição aqui).
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