26/08/2014

Hoje, para o diferente, é muito difícil ser normal

Da escuridão à luz, é necessário um esforço muito além do dito normal.
Ninguém pede para nascer diferente, mas isso acontece, faz parte da natureza humana.
Porém, o preço é muito alto para quem vive esta situação, pois a luta pela sobrevivência merece uma atenção redobrada quando o desejo é de que isto não impeça a vontade de vencer, de ser alguém na sociedade.
Pois, hoje, é o que está acontecendo com meu filho Yves, que nasceu com síndrome de Down, também chamada trissomia 21.
No início foi muito difícil  mas, através de uma força que não se mede, nasceu a vontade de lutar e de vencer todos os obstáculos que todo ser diferente tem que enfrentar.
Assim, através dessa força chamada AMOR, veio a vontade de chegar além do que os limites permitem, a QUEBRA DE BARREIRAS.
Com muito esforço, fomos vencendo preconceitos, a falta de interesse, de conhecimento, e ainda provar que o ser diferente PODE FAZER.
Porém, para isso acontecer, é necessária a boa vontade dos outros de permitirem, de proporcionar espaço, de abrirem portas. Quando isso acontece, percebemos que pessoas com síndrome de Down são iguais, apenas com algumas características diferentes. Não são pessoas doentes e, como quaisquer outros indivíduos, precisam dos mesmo cuidados para serem saudáveis.

Yves é um exemplo de poder SER e FAZER.

Hoje, com 25 anos, cursa Faculdade de Educação Física na Sogipa, pratica judô e alcançou a faixa preta, a última graduação neste esporte. Também vem trabalhando como monitor de crianças nas aulas de judô. Sem esquecer que concluiu o Ensino Fundamental na ACM e o Ensino Médio na Escola Don Luiz Guanella (hoje São Luiz Guanella), em Porto Alegre, nos seus ciclos e cursos seriados e sem qualquer ajuda pública. Ele também pratica musculação e está socialmente incluído.

Até aqui, estou mostrando o que ele pode fazer, mas ainda falta muito a caminhar. O que ele conseguiu  não é algo admirável, como a maioria das pessoas pensa, nem fora do comum ou surpreendente. Eles são capazes, como qualquer ser humano, só precisam de chances para mostrar isso.
SER NORMAL é poder circular junto com todos, é ser aceito socialmente. Mas, com muita tristeza, digo que isso não acontece. São poucos, muito poucos, os que conseguem.

em 2007, recebendo a faixa preta do bicampeão mundial João Derly

em 2013, na Holanda

Itália, 2014

Rio de Janeiro, 2014

com o ídolo e amigo Breno Viola

Copa Yves Levy Dupont, 2014



Suzanne Levy é artista plástica e mãe do Yves Dupont.
Yves foi o primeiro judoca gaúcho portador de síndrome de Down a receber a faixa preta, e o segundo no Brasil (o primeiro foi Breno Viola, inspiração dele no esporte). Yves tem em seu currículo inúmeras participações (e medalhas) em competições do Circuito Estadual da Federação Gaúcha de Judô. Ele integra a Seleção Brasileira de Judo for All, e é dono de  medalhas conquistadas defendendo o Brasil no exterior.
Em  maio deste ano, em sua  homenagem, a FGJ realizou a primeira edição da "Copa Yves Levy Dupont", dedicada a judocas com algum tipo de deficiência intelectual (leia mais sobre a competição aqui).

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