Eu nunca quis ser aquele tipo de mãe (ou pai) que usa a arbitragem para justificar as derrotas de seus filhos.
O fato é que ninguém é perfeito. Nem nós, nem nossos filhos, e nem os árbitros. Quando se pratica um esporte de competição, mais cedo ou mais tarde, isso vai acontecer. No caso do judô, pode ser desde um shidô não aplicado a um ippon não marcado. Pode ser um shidô injusto, ou até pro lado errado. Pode ser um decisão sem critérios no hantei. Ou, até mesmo, uma mão na calça que o árbitro não viu.
Com a Laura já aconteceu algumas vezes. Porém, a última, foi a mais traumática.
Em meados de agosto, viajamos para São Paulo, para disputar o Torneio Periquito na Sociedade Palmeiras, um dos mais tradicionais eventos abertos do judô brasileiro.
Em meados de agosto, viajamos para São Paulo, para disputar o Torneio Periquito na Sociedade Palmeiras, um dos mais tradicionais eventos abertos do judô brasileiro.
Por ser uma competição de apenas um dia e com grande número de atletas, o tempo de luta é corrido (sem pausa no matê) e o regulamento não prevê respescagem. Ou seja: perdeu, tá fora.
Em 2012, a Laura foi vice-campeã, perdendo apenas para a menina que foi campeã brasileira e panamericana infanto-juvenil do meio-pesado naquele ano. Por este motivo, e também por estar apresentando resultados bons após a recuperação da fratura na tíbia, ela estava bastante confiante e esperançosa por uma medalha.
Na primeira luta, uma adversária de São Paulo. Embora no começo a Laura tenha atacado mais, a outra não foi penalizada. Até aí, tudo bem. Passando de um minuto de luta, a Laura caiu de joelhos e foi punida por falso ataque. Vantagem para a paulista.
Aos 1:50, ela entrou um uchimata dentro da área, porém, ao projetar a adversária, esta caiu fora. O detalhe é que os pés da Laura estavam DENTRO. A dúvida, se houvesse, seria entre yuko ou wazari, mas o árbitro não deu nada. Ele fez sinal de que ia marcar yuko e, em seguida, recolheu o braço, como se não tivesse certeza do que estava fazendo. O combate terminou empatado em 0x0 e a Laura foi eliminada da competição pelo shidô que tinha levado, MESMO TENDO DERRUBADO A ADVERSÁRIA.
Lamentável que numa competição deste porte não houvesse filmagem das lutas. Lamentável que uma dúvida eliminasse da competição uma atleta que viajou mais de mil quilômetros apenas para participar. La-men-tá-vel.
Dias depois, enviei o vídeo (gravado pelo meu cunhado Guilherme) para o Diretor do Departamento de Judô do Palmeiras, Edson Puglia. Após assistí-lo, ele me deu razão. Lamentou o fato e pediu desculpas. Disse que isso não pode acontecer, principalmente com crianças nessa idade. Nas palavras dele "um trauma como esse pode desestimular a criança em nossa modalidade que tanto lutamos para estabelecer como forma de extensão da educação e formação deles, como cidadãos e consequentemente na vida esportiva." Mas aconteceu.
Felizmente, a Laura não se abateu. Não foi a primeira vez e, bem sabemos, não será a última. Faz parte da vida do atleta estar preparado para as adversidades.
Esforcei-me para que ela pudesse outra vez competir fora do Estado: viajamos para o Paraná e, felizmente, lá tudo correu bem.
Fica a dica para a arbitragem em geral: Cuidado, muito cuidado. Sobretudo quando houver dúvida. Sobretudo, quando se tratar de crianças.
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